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Alpinista comenta importância da sustentabilidade das montanhas

Waldemar Niclevicz, primeiro alpinista brasileiro a alcançar o topo do Monte Everest, deu uma entrevista à ONU News em que falou sobre a importância da sustentabilidade nas montanhas e como elas têm sido afetadas pelo turismo predatório e os efeitos do aquecimento global.

A entrevista foi dada após as Nações Unidas anunciarem 2022 como o Ano Internacional do Desenvolvimento das Montanhas para promover a conscientização sobre a importância de se preservar esses ecossistemas que, atualmente, abrigam 15% da população mundial.

Junto ao anúncio, também foi divulgada uma pesquisa feita pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que indicou que 99,7% dos turistas de áreas montanhosas já viram lixo e resíduos descartados incorretamente. O estudo ouviu 1.750 pessoas de 74 países.

Montanhas atuam como caixas d’água

Niclevicz, que já escalou mais de 200 montanhas, ressaltou que elas abrigam quase metade de todos os principais pontos da biodiversidade do mundo, além de fornecerem água doce para metade da humanidade.

Ele explicou que as florestas nas montanhas atuam como caixas d’água, pois são capazes de reter água da chuva, que alimenta os lençóis freáticos, garantindo o abastecimento de grandes cidades. Como exemplo, citou São Paulo que é dependente da Serra do Mar e que, atualmente, enfrenta uma crise hídrica.

O alpinista também comentou que o aquecimento global tem levado ao desaparecimento dos glaciares das montanhas, o que não só elimina uma fonte de água doce, como também compromete todo o equilíbrio do ecossistema dessas regiões.

“Eu conheço muito bem os Andes e onde o glaciar retrocedeu nos últimos 30 anos. Eu conheço os Andes há quase 40, fui a primeira vez aos 17 anos, em 1985 e visito todos os anos. E regiões na Bolívia, no Peru, no Equador, Colômbia, Venezuela, que eu conhecia antigamente, é assustador ver como os glaciares retrocederam”, afirmou Niclevicz.

Turismo sustentável

Com a pandemia da COVID-19, muitas pessoas passaram a visitar as montanhas em busca de um maior isolamento e isso ocasionou um aumento da poluição nesses locais.

A pesquisa feita pelo PNUMA revelou que seis em cada dez turistas notaram um aumento no lixo nos últimos cinco anos, enquanto mais de 75% identificaram máscaras ou frascos de desinfetantes para as mãos em seus trajetos.

Quanto a isso, Niclevicz declarou que o problema não está no turismo em si, que ajuda a economia das populações montanhosas, mas sim na falta de preparação dos visitantes, que precisam estar mais conscientes de que suas atitudes podem acelerar a degradação desses frágeis ecossistemas. Além disso, destacou a falta de controle do volume de visitação nessas áreas como um risco, pois o deslocamento de muitas pessoas pode acelerar processos erosivos.

“Esse visitante moderno tem que estar preparado para visitar um ambiente natural. Ele precisa ter um comportamento adequado. Hoje essa pessoa joga lixo, retira plantas, destrói a natureza, corta e abre trilhas, desloca pedras, abre atalhos. E o ambiente da montanha é extremamente instável. Esse ecossistema atingiu seu equilíbrio durante muito tempo. O fluxo de pessoas tem que ser moderado. Não é um lugar para uma visitação intensa”, comentou o alpinista.

Por fim, Waldemar Niclevicz comemorou a decisão da ONU em instituir um ano dedicado ao Desenvolvimento Sustentável das Montanhas e espera que a ação conscientize a população de que a preservação desses ecossistemas é uma responsabilidade de todos: turistas, guias, agências de turismo, governos, administradores de parques e todos os cidadãos. Confira a entrevista na íntegra na ONU News.

Fontes: ONU News | ONU News | Nações Unidas Brasil