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Peixe que brilha no escuro é encontrado em riachos brasileiros

Descoberta da espécie transgênica nos rios preocupa os cientistas.

Bonitos aos olhos, mas um perigo para a natureza! Proibidos no Brasil desde 2017, os animais modificados geneticamente para aquários ornamentais acabaram escapando para a natureza e competindo por recursos com espécies nativas. Pesquisadores capturaram espécimes em todos os cinco riachos amostrados no sudeste da Bacia do Rio Paraíba do Sul.

O GloFish — como são conhecidos os peixes geneticamente modificados para brilharem no escuro — foi criado no final dos anos 90. São oficialmente proibidos no país, mas continuam sendo vendidos em lojas on-line.

Perigo à vista

Um dos biomas mais ameaçados do Brasil, a Mata Atlântica, enfrenta agora um novo perigo: peixes-zebra (Danio rerio) geneticamente modificados que brilham no escuro.

André Magalhães, é biólogo da Universidade Federal de São João del-Rei e um dos autores do estudo “A introdução fluorescente começou no hemisfério sul: presença e estratégias de história de vida do peixe zebra transgênico Cypriniformes: Danionidae no Brasil“, e afirma que esses peixes se alimentam de insetos e zooplâncton que os peixes nativos também comem, colocando-os em competição direta, o que torna as nascentes passíveis à invasão de espécies exóticas. Além disso, nos riachos onde ocorrem os peixes modificados não há predadores para manter seus números sob controle.

Alguns dos peixes nativos podem ser levados à extinção por causa desses GloFish e outras espécies introduzidas, diz ele. “Além de muitas espécies de peixes exóticos, agora temos peixes híbridos exóticos e, pior que isso, peixes exóticos geneticamente modificados, como o peixe-zebra transgênico.”

Jean Vitule, especialista em peixes da Universidade do Paraná, que não esteve envolvido no estudo, concorda: “Estou muito preocupado [com as descobertas], porque a chegada do peixe transgênico nessa bacia hidrográfica é um tiro no escuro. Não sabemos a gravidade dos problemas que virão, uma vez que eles estão fugindo para uma região pouco estudada.”

Embora se acreditasse amplamente que os GloFish (que inclui outras espécies de peixes projetadas para fluorescência) eram inférteis, o estudo descobriu que esses peixes estavam se reproduzindo em pelo menos dois riachos.

O que pode ser feito?

O estudo de Magalhães recomenda a instalação de redes em fazendas de peixes, para evitar ou reduzir os casos de fuga de GloFish. E, para caso eles escapem, os pesquisadores acreditam que devem ser construídas lagoas de retenção estocadas com peixes predadores nativos, como o cação (Oligosarcus hepsetus), que se alimentaria do peixe-zebra antes que ele possa chegar a um corpo de água natural. Os cientistas também pedem incentivo para pisciculturas ornamentais locais de espécies nativas em vez de exóticas e a proibição total de peixes geneticamente modificados no Brasil, conforme recomendado pelo IBAMA.

Fontes: Um Só Planeta | Mongabay