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Espécies invasoras ameaçam o ecossistema brasileiro

As espécies invasoras são espécies exóticas, provenientes de outras regiões do planeta, que se proliferam de maneira descontrolada e ameaçam o equilíbrio dos ecossistemas.

Segundo um relatório da ONU, elas estão entre as cinco principais geradoras de mudanças dos ecossistemas nativos globalmente, causando alterações sem precedentes na natureza ao longo dos últimos 50 anos.

O estudo ainda aponta que, desde 1970, o número de espécies exóticas invasoras cresceu cerca de 70% em 21 países.

Além disso, um outro estudo publicado na revista Global Change Biology indica que o número de espécies invasoras pode crescer mais de 35% até 2050.

Espécies invasoras no Brasil

No Brasil o avistamento de 30 peixes-leão chamou a atenção da população e de especialistas. Comum da região biogeográfica do Indo-Pacífico, ele já foi encontrado nos litorais do Ceará, Pará e Fernando de Noronha (PE).

Em abril de 2022, um pescador teve que ser internado após pisar no animal e ter contato com seus espinhos venenosos, na Praia de Bitupitá, no litoral do extremo oeste do Ceará.

A questão é que além de ser venenoso, o peixe-leão tem características que o tornam um invasor imbatível: come de tudo, cresce e se reproduz rapidamente, produz uma grande quantidade de ovos, se dispersa com facilidade por grandes distâncias e é resistente à diferentes condições ambientais.

Para piorar, ele não é reconhecido por presas locais e não possui predadores que ajudem a combatê-lo no Brasil. Dessa forma, afeta o equilíbrio ambiental, ameaça a biodiversidade e coloca espécies nativas em risco de extinção.

Algo semelhante ocorreu no Caribe que teve seu território invadido pela espécie e que hoje está amplamente presente em seu território, como uma praga.

No entanto, o peixe-leão é apenas uma de muitas outras espécies invasoras do território nacional. Um relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis estima que haja 363 delas no país. Já a Base Nacional do Instituto Hórus indica 480.

Alguns outros exemplos de animais exóticos presentes no Brasil são o mexilhão-dourado, proveniente do sudeste asiático e o javali, originário da Eurásia e Norte da África.

Como ocorrem as invasões

As invasões biológicas costumam estar relacionadas à ação humana e podem ocorrer de forma intencional, quando há a intenção de inserir a espécie exótica em um novo ecossistema, ou não.
Sendo assim, elas podem ocorrer de diferentes formas como pelo tráfico ilegal de animais, pela fixação de espécies em casos de embarcações de comércio, quando animais se inserem acidentalmente em mercadorias, entre outras maneiras.

Vale mencionar que até que a espécie invasora se estabeleça, ela precisa vencer algumas barreiras, como sobreviver ao transporte, se adaptar ao clima do novo ecossistema, além de ser capaz de interagir com o novo meio e se reproduzir.

O problema ocorre quando elas conseguem se adaptar e se reproduzir, o que permite que elas se propaguem desproporcionalmente em seus novos habitats. Quando isso acontece elas podem levar à homogeneização biótica, ameaçando a biodiversidade, podendo levar à extinção espécies locais e promovendo a redução dos serviços ecossistêmicos.

Por fim, quando está difundida, a erradicação da espécie invasora é quase impossível, por isso, recomenda-se prevenir e reagir rapidamente, realizando o controle populacional, biológico e físico desses animais.

Brasil investe pouco em prevenção

Mesmo com o impacto das invasões custando caro e causando danos irreversíveis, o Brasil gasta muito pouco com prevenção.

Um estudo publicado na revista NeoBiota, conduzido por Rafael Dudeque Zenni, pós-doutor em ecologia e biologia evolutiva do Departamento de Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Lavras, e outros colegas, indica que as invasões custaram mais de US$ 105 bilhões aos cofres brasileiros entre 1984 e 2019.

Em relação à prevenção, o Brasil investiu apenas US$1,19 bilhão em ações de manejo, controle e erradicação ao longo desse mesmo período.

Considerando a intensificação do turismo, viagens e comércio, além do fato das mudanças climáticas terem forte sinergia com as invasões biológicas, fica evidente a necessidade de se investir mais em ações preventivas para garantir a manutenção dos ecossistemas do Brasil.

Fontes: Estadão | Jornal da Usp