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Estilista mineira cria roupas reciclando sacos de cimento

Conhecida como um dos três “Rs” da sustentabilidade, a reciclagem é o processo que transforma um produto em algo novo. Este é um conceito que está cada vez mais presente no mundo da moda, notadamente o setor que mais utiliza produtos resultantes da reciclagem — incorporando 38% de tudo que um dia já foi usado em sua rotina produtiva.

Um excelente exemplo desse processo são as roupas criadas pela estilista mineira Iáskara Isadora, que utiliza renda de papel derivadas da reciclagem de sacos de cimento enriquecidos com fibras naturais (bananeira e taquaruçu), tingidas com vegetais e minerais. Formada pela Universidade Federal de Minas Gerais, Iáskara tem 26 anos e atualmente desenvolve a própria marca, que leva seu nome.

De acordo com a estilista, a ideia para começar o projeto com papel reciclado nasceu ainda durante o curso de Design de Moda. “Sempre me interessei pelas causas ambientais e, ao ingressar na universidade, me envolvi em um projeto de pesquisa relacionando moda e sustentabilidade, onde aprendi a técnica da reciclagem de papel”, conta Iáskara.

A profissional conta, ainda, que sua primeira coleção utilizou somente sacos de cimento para confeccionar as rendas. “A inserção de fibras naturais foi necessária para aumentar a resistência e torná-las usáveis”, explica ela. Sua nova coleção, voltada para noivas, é feita com sementes em bordados no lugar dos botões. Todo o trabalho é feito praticamente à mão, e o processo de produção é pensado e executado de forma a ter o menor impacto possível sobre o meio ambiente.

Quem pensa que as roupas de Iáskara são apenas conceituais, se engana. Além de usáveis, elas são delicadas e femininas. “O processo de produção da renda e a confecção das peças é um trabalho minucioso e de longo prazo, por isso acabam tendo um preço acima da média”, esclarece a estilista. Todos os modelos são exclusivos, e são comercializados a partir de R$ 1.000,00. Os vestidos de noiva saem a partir de R$ 3.000,00.

A única restrição é que, embora tenham certa resistência à água, as peças não podem ser lavadas. Por isso, elas são acompanhadas de um forro removível.

O processo de criação das rendas a partir da reciclagem começa com o processamento dos sacos de cimento. Eles são limpos ainda secos, depois são rasgados, colocados de molho e batidos em um liquidificador industrial que os transforma em uma pasta uniforme.

A segunda etapa é o processamento das fibras naturais de bananeira e taquaraçu, que são picadas, cozidas e batidas em um liquidificador que separa a fibra.

Posteriormente, é iniciada a produção. A pasta e as fibras são misturadas, descoloridas e tingidas. Essa mistura, que no final toma a forma de um “mingau”, é colocada em uma bisnaga que, manualmente, faz desenhos sobre um tule e forma a renda.

Iáskara está sempre procurando por novos materiais para a criação de produtos sustentáveis, utilizando os recursos disponíveis de forma consciente e evitando desperdício. “Procuro usar meu trabalho como uma forma de chamar a atenção da população para causas ambientais, tentando conscientizá-las da importância do meio ambiente para a vida humana”, afirma.

Pensando nisso, ela também desenvolveu, em parceria com a designer Valquiria Maia, uma coleção que utiliza barbante ecológico (derivado do reaproveitamento de restos de tecido de algodão), tinturas vegetais e técnicas artesanais (tecelagem, renda de agulha e crochê) na construção das peças.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Iáskara Isadora, visite o site: https://iaskaraisadora.com.