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Inteligência Artificial pode ajudar a detectar locais de menor impacto para hidrelétricas na Amazônia

Estudo responsável pela descoberta conta com a participação de 41 pesquisadores estrangeiros e brasileiros.

Apesar de ser considerada uma forma “limpa” e barata de produção de energia com baixas emissões de gases de efeito estufa, a construção de usinas hidrelétricas tem custos socioambientais altíssimos e pode ter impactos devastadores ao meio ambiente e às comunidades tradicionais.

As usinas hidrelétricas são a principal fonte da matriz energética brasileira – mais de 60% da energia do país vem de hidrelétricas. O rio Amazonas representa grande parte dessa força, e mais de trezentos novos projetos estão em fase de análise e serão construídos na região.

O estudo

Foto: Climainfo

Um estudo recente publicado na revista Science mostra como a inteligência artificial pode ser usada para identificar riscos e locais com maiores vantagens e desvantagens na construção de barragens e reservatórios. Em vez de considerar cada projeto individualmente, o novo sistema de IA considera o cenário de impacto geral de desenvolvimentos novos e existentes.

A pesquisa, conduzida por Alexander Flecker, biólogo e professor da Cornell University, nos Estados Unidos, desenvolveu um método para avaliar a relação entre a capacidade e os impactos da barragem e uma série de critérios ambientais, como rios, transporte, conectividade fluvial e biodiversidade de peixes.

Segundo Flecker, a principal diferença entre a abordagem proposta e a abordagem de avaliação barragem a barragem (quando cada obra é analisada individualmente) é que, no segundo caso, o estudo de impacto não leva em consideração o quadro mais amplo das consequências. Ao longo do tempo, acumulam-se vários trabalhos que podem se manifestar em escala espacial maior do que uma única inspeção de barragem.

“Às vezes, projetos podem aparentar ter menos impacto em pequena escala, mas raramente são vistos em soluções de escalas espaciais maiores.Nossa abordagem é capaz de fazer uma análise retroativa e ilustrar os custos ambientais, ou os benefícios perdidos, do planejamento de barragem por barragem. Em alguns casos, a falta de planejamento coordenado revelou grandes benefícios perdidos.”, pontua Flecker.

De acordo com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), uma das instituições que participou do levantamento, a principal contribuição do trabalho é a “Sua precisão para estabelecer um planejamento coordenado da expansão hidrelétrica, já que existem 351 propostas de barragens para a região, feitas de modo individualizado e sem considerar o impacto em todo o ecossistema.”. O levantamento também trata de outras 158 barragens que já estão instaladas na bacia do Rio Amazonas atualmente.

Nathan Barros, um dos autores do artigo publicado na Science e pesquisador da UFJF, o estudo explica como é possível atingir as metas de produção de energia, minimizando os impactos. “Isso só será possível com uma coordenação internacional e fora das fronteiras geopolíticas, mas atentando aos limites da bacia hidrográfica.”, observa, em referência à localização territorial da Bacia Amazônica, que se estende por oito países da América do Sul, incluindo o Brasil.

Atualmente, ao menos 158 hidrelétricas estão em funcionamento ou em construção nos cinco países que constituem 90% da Bacia Amazônica, e outros 351 projetos de novos empreendimentos estão em avaliação na mesma região.

Os autores do estudo destacaram que a distribuição existente e o potencial hidráulico são desiguais na distribuição do território amazônico: a maioria dos novos projetos está na região do Rio Tapajós, na Amazônia brasileira, ou na do Rio Marañón, na região dos Andes na Amazônia peruana.

Uma das conclusões dos cientistas é que nenhuma das configurações propostas de usinas foi considerada boa dentro de todos os aspectos ambientais avaliados. É necessário repensar se os impactos gerados trazem realmente mais benefícios que malefícios.

Fontes: Além da Energia | OCAA | Mongabay